terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O Banho.

Em oração eu lavo as mãos, é com elas que irei purificar o que restou de mim, e é com elas que reconstruirei meus pedaços que ao longo do dia foram se erodindo; 
Massageio os cabelos, que são a primeira coisa que respondem aos ventos; Cabeça de Vento, que teima em não ficar no chão, e Como voa.
Cerro os olhos, e me privo da visão; lavo meus olhos das coisas ruins que vi durante o dia, gravando na memória as coisas boas que fiz.
Encerro meu olfato, lavo meu nariz, que equilibra minha vida, Parte automática que teima em parar quando estou ansioso, que acelera quando estou nervoso, e que se acalma quando a mente descansa.
Calo minha boca, da qual saem tantas palavras chulas, mas que sabe confortar com afago inconsciente à quem precisa. Lavo meus dentes, Embaixadores do meu sorriso.
Lavo meu rosto, Lavo o Eu, Lavo a maquina da expressão, lavo o tradutor do coração.
Passo em meus ombros, Agua que remove a poeira, que despido do mundo que o pesa, teima em arquear.
Ao Torso Me contorço, e lavo sem esforço o guarda costas. tenho que ser capaz de tocar cada Centímetro do meu corpo, em ordem de me limpar por inteiro.
Ao peito em excêntrico, espalho coisas que não podem ser ditas pela boca, mas sim pelos braços
e os Braços me lavo em abraço, e escorro meu caldo à periferia, para de novo botar em mãos que jogam fora qualquer agonia.
Em triângulo, Minha base, Minhas pernas, o sustento, descansam o tormento do meu peso lazarento e dos pés removo a terra; arranco a raiz do ego.

Para terminar me levo ao espelho, me fragmento em analise para me entregar à morpheu, deito ao leito vazio do rio do sono; pra esperar a maré do sono me encher. 

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